A preocupação com o estudo, a prevenção e o tratamento de doenças e da incapacidade em idades avançadas tem sido crescente, já que a tendência aponta para uma população cada vez mais envelhecida. O Instituto Nacional de Estatística (INE) estima que, em 2050, um terço da população portuguesa seja idosa e quase um milhão de pessoas tenha mais de 80 anos.
Centenas de especialistas internacionais em saúde mental, geriatria e gerontologia estarão no Porto (Hotel Porto Palácio), na próxima semana, de 2 a 4 de Novembro, para debater e partilhar experiências sobre os cuidados assistenciais prestados aos idosos, em particular na área das demências e das doenças psiquiátricas associadas ao envelhecimento, como a depressão.
O encontro realiza-se no âmbito do 11º Congresso da Associação Portuguesa de Gerontopsiquiatria (APG) / 39º Congresso da European Association of Geriatric Psychiatry (EAGP), sob o tema «Educação e Investigação em Psiquiatria Geriátrica».
Segundo Lia Fernandes, presidente da APG e responsável pela organização do evento, “em Portugal, existem actualmente 1,5 milhões de idosos, sendo que para cada 100 jovens existem 118 idosos [embora estes dados já tenham sido actualizados]”. O nosso país tem “o crescimento mais rápido” de população envelhecida da União Europeia, sustentou ainda ao jornal «Ciência Hoje».
A psiquiatra antecipou que, tendo em conta que a esperança média de vida aumentou e a taxa de natalidade baixou, “não haverá jovens suficientes para tratar dos idosos”, mas o real problema do país é “a falta de infra-estruturas e de formação”, já que “não existe a área de geriatria como especialidade, em Portugal”. A especialista acrescenta mesmo que tentar implementá-la através da Ordem dos Médicos é “uma velha luta”.
Referiu também que se estima que o número de população idosa duplique até 2020 e que em 2050 sejam já mais de três milhões. Lia Fernandes defende que “é necessário criar psiquiatria geriátrica nos hospitais centrais e uma rede de interacção" que promova o envelhecimento activo e a qualidade de vida dessa parcela da população. “Não temos infra-estruturas, uma rede de assistência, há poucas instituições e as que existem são de baixa qualidade e sem certificação”, continuou.
Comunicadores
Estão confirmadas as presenças de Raymond Levy, Martin Prince, Martin Orrell, Ralf Ihl, Knut Engedal, Lars Gustafson, Vicent Camus, Stavros Baloyannis, Michael Philpot, Raimundo Mateos, António Leuschner, Horácio Firmino, Luís Cortez Pinto, Lia Fernandes, Constança Paúl e Mário Simões.
Dados recentes
O congresso trará à luz dados recentes, como fará por exemplo, a comunicação do investigador do King’s College Londo (Reino Unido), Martin Prince, sobre Alzheimer e doenças crónicas.
Em discussão estarão temas como a «Ética em Psiquiatria Geriátrica», «Critérios de Diagnóstico Actuais e Futuros», «Avaliação em Psiquiatria Geriátrica», «Psiquiatria de Ligação, Estados Confusionais», «Tratamento de Sintomas Neuropsiquiátricos», «Formação no Envelhecimento», «Métodos de Investigação em Psiquiatria», «Serviços em Psiquiatria Geriátrica e Mudanças» na «Psiquiatria Geriátrica».
O rápido crescimento da população idosa “exige a mobilização e a atenção de todos os profissionais de saúde em geral, em particular na área da saúde mental”, alertou Lia Fernandes.
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